chegar lá


A vida tem ou não tem razão? Se nascemos já tudo em seu lugar: as coisas, o mundo, a terra girando e a roda-viva que nunca parou para a gente entrar...
Muitas vezes me senti como se tivesse pegando o bonde andando, meu ritmo em outro ritmo de tudo, as linguagens flutuando, e eu querendo alcançar, sempre ouvi: você vai chegar lá! Mas foi quando eu entendi, o que eu era, onde eu existia, e o que eu queria ser, ai sim o "lá" passou a ter sentido, pois como eu poderia chegar lá se eu nem sabia onde "lá" era? E agora que sei onde é o meu lugar, sei que estou no meu caminho...
Os passarinhos nascem sem nada, apenas com asas que não sabem usar, simplesmente aprendem, quero sempre não ter medo de saltar, depois é consequencia voar...
veja como eles voam a vida toda!! Para onde o vento o levar, não carregam nada consigo, apenas a vontade de cantar e a força para bater as asas, nascem livres de qualquer apego, apenas comem o que a natureza lhes dá, sempre me lembro disso quando sofro perdas...o desapego evita preocupações das quais nunca lucramos! São perdas que em sua maioria, tornam-se ganhos!
Eu quero voar, quero viver tudo que a natureza possa me dar!
Ser passarinho que voa, livre e leve por cima de tudo, olhando o mundo de outro ângulo,
ser também nuvens, em sintonia com o ar, sentir as mudanças, alterar, mover, seguir o vento que vai em direção do ciclo divino e natural....
O ouro não pede para ser provado, mas é, e para isso ele é queimado ao máximo grau,
se está certo ou errado, ele é mais puro e mais forte! Depois a aprovação, tem o seu valor!!!
A lua ganhou a noite, mas não se impôs ao criador, ela é a dona da noite, reina enquanto o homem dorme, ela trabalha nas forças dos elementos naturais da terra.
O sol nasceu maior, não escolheu como nem quando, só nasceu!
Com a responsabilidade de sua força, de sua luz, de sua energia!
O mar é também uma das maiores riquezas,
a água é água pra completar a perfeição assim como o fogo, a terra e o ar, e tudo que vive.
Tudo que tá fora, existe dentro, tudo que tem aqui dentro de mim,
eu posso ver no mundo à fora!
Eu sou humana, homem, mulher, posso ser fera, posso ser planta, posso ser o que eu quiser! Como qualquer um que todo dia ganha e perde, e nessa balança diária o que mais me traz alegria é o amor que permanece, um amor que é divino, porque hoje eu entendo que sou divina, como todo ser, como tudo que respira, que existe para a glória!
A glória de Deus é um ouro fino que nos envolve, sem sentirmos nos braços,
apenas damos conta de que por alguns segundos ou horas somos motivados e impulsionados a agirmos de formas que não sabíamos que poderíamos e que nem teríamos coragem, como pedras são usadas o coração do homem esconde Deus como uma semente boa, que ao descobrir cultivamos e essa semente toma conta do corpo todo até nos tornamos santos.
E quem é Deus?
Se você o chama de Buda, eu também chamo, se é Oxalá, Deusa, não importa para mim,
o que importa, é o caminho natural que você segue ao entender que você
é um grão de areia, mas que está conectado com o mundo todo, sente o que todo mundo sente, sofre o que o planeta sofre, então, que tal ter a visão real de quem é para que tudo em você daqui para frente seja coerente?
Eu não pego mais o bonde andando, vou surfando nos trilhos, entro e saio do carro, porque após enxergarmos o essencial, tudo fica tão claro para você, que você domina melhor a si mesmo e se encaixa melhor nesse quebra-cabeça o perdido é o mais procurado....
No final, não importa com quantos pontos você sai ganhando, mas as emoções, e o que você viveu, por alguns momentos paro tudo e me pergunto "Isso é a vida?" "Isso é viver?" Se não, como é então?
Ai o final vira o meu novo começo! Mais uma vez, de novo, um novo modo de andar no caminho que eu sigo para chegar lá!!!

Cuida de Mim


Pra falar a verdade,
às vezes minto
Tentando ser metade
do inteiro que eu sinto

Pra dizer as vezes
que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga
o meu próprio abrigo
Cuida de mim
quando eu tentar parecer
não mais precisar
Cuida de mim
quando meu sorriso e alegria
não conseguir te alcançar
Cuida de mim
quando eu não mais cuidar
Tanto faz, não me satisfaz
o que preciso é Além do mais,
quem busca nunca é indeciso
Eu busquei quem sou;
Você,
pra mim, mostrou
Que eu não sou sozinho nesse mundo.

Cuida de mim
enquanto não esqueço de você
Cuida de mim
enquanto finjo que sou quem eu queria ser.
Cuida de mim
enquanto eu fujo.

Se não eu crio asas,
viro querubim
um anjo adoecido
sem teu amor por mim.
Sou da cor, do tom, sabor e som
quem quiser ouvir
Sou calor, clarão e escuridão
que te faz dormir

Quero mais,
quero a paz
que me prometeu
Volto atrás,
se voltar atrás
assim como eu.

Busquei quem sou
Você,
pra mim, mostrou
que não sou
sozinho nesse mundo.
Cuida de mim
enquanto eu cuido
de você
Cuida de mim
enquanto durmo
Cuida
sendo quem queria ser.

Cuida?


Devora-me!


Liberte os seus demônios internos
enquanto nossa calma se enlaça
deixe que se faça viver ao morrer
como tú faz com a minha alma

Os fantasmas fugiram
sentiram medo de nós dois,
Sua alma acariciando meu rosto
O coração sai do túmulo depois

Os meus monstros contemplam a ti
sua beleza pura que os afugentam de mim

Meus olhos te olham firmes e temem sua delicadeza
como a fúria de um quieto instinto da natureza

Em ti, o paraíso eu mesma encontro

E, todos os anjos que não conheço são você.
Essa noite eu não consigo dormir
de olhos fechados eu posso te ver melhor,

Seu espírito na calada da noite
percorre meu corpo
sinto sua respiração no pescoço

Suas presas me mordem me rasgam
dilacerando as mais profundas sombras
da minha escuridão, e em meu ser,
você atravessa a pele, até devorar a minha alma


O meu coração acelerado
inflama dores
fúrias sentimentais ...
contraditórias...

Por tudo que eu já vivi
nenhuma experiência igual
Eu ainda sentia me humana
agora sou imortal

agonia eterna,
Queimando ...
Gritando...
por ti

amor e o ódio lado a lado

Você veio pra mim no mês de outubro
mas foi em dezembro
Com seu pálido rosto misterioso em si
olhos castanhos queimando paixão
cabelos negros com cachos que te percebi...

Em meio tempestades de verão
sem bruma, como a lua cheia de novembro
nua em seus olhos tive a visão:

uma mulher de beleza delicada e selvagem
tocando uma harpa de bronze com ouro
e um bonito homem forte com espada nas mãos

Os dois atacaram-se num combate mortal
sendo luta além de lanças, com danças e ritual

o feminino e o masculino
na música, nos ruídos, nos gemidos
feriram-se, sangraram-se
até trancenderem imortais

E, o sangue derramado escorria
como súores quentes em mãos frias
gotas de orvalhos, lágrimas espirituais...

O amor e o ódio lado a lado
a fúria humana e o milagre da perfeição
a fé do amor, a dor do ódio, o calor da paixão!
Por fim, Liberdade e Salvação...